O maravilhoso mundo da Gravidez…ou talvez não…
A Gravidez é, na grande maioria das vezes, uma enorme montanha russa! Pode ser ou não planeada…ser ou não desejada…, mas seja qual for a forma como começa, representa, sempre, um conjunto enorme de desafios e adaptações, a nível físico, mas também a nível emocional.
Em Portugal, o modelo vigente de acompanhamento da gravidez é o modelo biomédico, médico-centrista e centrado, sobretudo, na saúde física da grávida. Esta, realiza uma série de exames trimestrais pré-protocolados e estando tudo dentro dos parâmetros considerados “normais”, é considerada uma grávida de baixo risco…” saudável” …, mas será mesmo assim?
A verdade, é que a maioria das grávidas vive a gravidez em sobressalto, acumulando medos, incertezas e angústias a que ninguém presta a devida atenção. Esses medos, incertezas e angústias ativam constantemente o sistema nervoso simpático, conhecido como a resposta automática que desenvolvemos quando precisamos “lutar ou fugir” de uma ameaça. Esta ativação faz segregar hormonas como adrenalina e cortisol, as quais aumentam a frequência cardíaca e respiratória, assim como a tensão arterial e o nível de glicose no sangue, direcionando a força e energia para os músculos das pernas e braços, prioritários numa luta ou fuga.
Por outro lado, na gravidez, o corpo da mulher necessita gastar energia não nos músculos das pernas ou braços, mas sim com o desenvolvimento de um novo ser! Para além do desenvolvimento físico deste novo ser, é imperioso que a mulher se apaixone por ele, pois a garantia da natureza de que a espécie se reproduz, depende não só do facto da mulher gerar um bebé “perfeito” a nível físico e emocional, mas também da existência de AMOR entre mãe e filho, para que a mãe não abandone o bebé após o nascimento.
O sistema nervoso parassimpático é responsável pelas funções automáticas do nosso corpo, opostas às funções do sistema nervoso simpático, e é conhecido como o sistema ”acalma e digere”. É o sistema que ativamos quando nos alimentamos, quando dormimos ou relaxámos, quando nos apaixonamos, estamos sexualmente envolvidos ou simplesmente partilhámos bons momentos em família e amigos. É, por natureza, o sistema das emoções, e é com este sistema ativado que segregámos (entre outras) hormonas como ocitocina, progesterona, endorfinas, prolactina, hormonas essenciais à saúde na gravidez.
Para uma gravidez saudável, é importante que a mulher entre no modo “acalma e digere” e não no modo “luta ou fuga”, pois precisa que o seu corpo consiga digerir os alimentos e direcione a energia para o útero, além de, precisar de se abrir emocionalmente ao AMOR pelo novo ser que está a gerar.
A evidência científica confirma que grávidas acompanhadas por uma parteira (Enfermeira Especialista em Saúde Materna), num modelo de continuidade de cuidados, ao longo da sua gravidez têm mais probabilidade de gravidez e parto fisiológico, assim, como de terem experiências mais felizes e um pós-parto mais saudável[1]. Isto porque, o olhar da parteira tem em consideração não só a saúde física, mas também a saúde emocional, contribuindo para mais equilíbrio e saúde na gravidez, com o seu aconselhamento.
Quer saber mais sobre este assunto ou como melhor gerir a sua saúde ao longo da gravidez? Marque consulta de vigilância e aconselhamento pré-natal connosco.
Sónia Barbosa da Rocha
Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia (Enfª Parteira)
Fotos: www.magicfotografia.pt
[1] EAST CE et al, 2019; SANDALL J et al, 2016; SHAHNAZ et al, 2014; BOHREN et al, 2017