O Nascimento da Beatriz…a 2ª filha Razão d’Ser 19.07.2003 (Pais Sónia & Sílvio Rocha)

A Beatriz é a segunda filha da família Razão d’Ser, uma bebé planeada e muito desejada. Sempre imaginei filhos com uma distância entre 2 e 4 anos. Assim quando o Pedro atingiu os 2 anos, o pensamento sobre uma nova gravidez começou a surgir com bastante repetição. Sempre imaginei ter um filho na Primavera, então o plano delineou-se para tentar engravidar a partir de agosto de 2002, e se não acontecesse adiar para o ano seguinte.  Na verdade, não aconteceu nem em agosto nem em setembro, mas a cabeça já não permitiu adiar um ano e assim surgiu a gravidez em outubro com uma previsão de nascimento em pleno julho.

O primeiro trimestre foi pautado pelas alterações de sabor, nada me sabia ao mesmo, nem mesmo os doces de Natal. O segundo trimestre chegou com a sua fabulosa energia e tudo melhorou, mas rapidamente com a entrada no terceiro trimestre e um ganho de peso um pouco maior que na primeira gravidez trouxe desconfortos complicados. O calor também não ajudava e não havia ar condicionado.

As 39 semanas chegaram e o profissional de saúde que me acompanhava sugeriu a indução de parto. Eu já tinha passado por uma indução de parto com sucesso, pelo que aceitei, apesar do desejo de um trabalho de parto espontâneo. Intimamente eu sentia que estava na reta final da gravidez e que devia estar por dias para entrar em trabalho de parto e fiquei sempre um pouco arrependida de não ter esperado.

No dia programado, 19.07.2003, lá entregamos o Pedro nas mãos da avó materna dizendo que íamos a uma consulta, e fomos para o hospital da nossa escolha com as malinhas no carro.

A indução começou por volta das 10h30, direto com ocitocina intravenosa. Lembro de ouvir o médico dizer que o colo do útero ainda estava completamente fechado, mas dado ser um segundo parto a opção podia ser ocitocina. Lembro de ouvir as minhas colegas no corredor a dizer: “ai…estas induções com ocitocina com colo inteiro e fechado” e assumi que falavam do meu caso, indiciando um possível mau prognóstico.

Pouco tempo depois de iniciar a ocitocina começaram as contrações. Tive de ficar sempre deitada, mas lembro que as contrações, ao contrário do parto do Pedro eram mais suportáveis porque as sentia sempre à frente e no Pedro sentia nas costas. Por volta da hora de almoço, romperam a bolsa de água e já estava com 3 a 4 cm. Veio também o anestesista, que mais uma vez eu não tinha pedido. Mais uma vez referi isso, mas perante a insistência que ou era naquele momento ou não era, aceitei fazer…ficando sempre arrependida de o ter feito.

Por volta das 16h, chega uma colega e administra uma medicação endovenosa ao mesmo tempo que diz: “se sentires vontade puxar avisa” (hoje sei que o mais provável é ter sido administrado buscopan – um relaxante muscular que tem efeitos no colo uetrino). Eu começo a responder ok e logo a seguir começo a sentir algo diferente que não sei explicar o que é. A colega brinca (no bom sentido), examina e diz é para nascer, vamos posicionar. Problema…não conseguia levantar sozinha as minhas pernas, dado o bloqueio da epidural. Peço ajuda e lá fico posicionada com as pernas nas perneiras. Tão depressa o faço, tão depressa sinto realmente vontade de empurrar. Empurro umas 3 vezes e a Beatriz nasce! 19.07.2003 16h20

Colocam a Beatriz em cima da minha barriga, os meus braços esticam-se para a ir buscar e ouço: “não pode ser…cuidado com o cordão”. Perguntam quem corta o cordão, e decidimos que seria eu. Pego na tesoura e faço-o, porém, com alguma dificuldade pois tenho diplopia (vejo duas coisas em simultâneo – efeito secundário do buscopan). Tão depressa corto o cordão como me tiram a Beatriz de cima de mim e tenho a sensação mais avassaladora da minha vida. Uma sensação primitiva de que me roubaram a cria! A minha vontade era sair disparada da cama para a ir buscar tal qual o Golum do senhor dos anéis.

O pai veste a Beatriz e fica com ela no colo deslumbrado, eu viro-me para ele já desesperada e digo: “dá-me a bebé!” com uma vontade gigante de o gritar bem zangada.

Ele entrega-me a Beatriz, ofereço a maminha e ela mama sem dificuldade. Delicio-me com mais um bebé na minha vida, desta vez uma princesa bem moreninha.

Desta vez não me sujeitaram a uma episiotomia (corte no períneo) e a não ser o desconforto por hemorroides no pós-parto, sentia-me bem melhor que no pós-parto do Pedro.

A Beatriz foi um bebé bem mais tranquilo que o Pedro, apesar de não perdoar as mamadas noturnas. A amamentação fluiu muito bem até aos 6 meses, altura em que regressei ao trabalho e complicou levando ao desmame com muita pena minha.

Muito grata a esta experiência que consolidou o meu papel de mãe e me fez entender ainda melhor as interferências de intervenções desnecessárias no nascimento.

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